Nem dá mais pra que haja daqueles dias
onde a poesia era exatamente
lembrar daquela face que se esvaia aos poucos.
Hoje se tem todos os rostos
ao alcance do coração.
Ainda mais: as felicidades alheias, todas!
Mas, as tristezas, essas nunca!
E as tais coisas que não nos deram certo?
E a solidão
e o choro?
Tudo isso é tão bonito
e se coage pra ser perdido
na imensidão de uma vida toda!
Ainda: ao mesmo tempo que tudo é somente o belo,
mais agoniante fica a vida de verdade,
se obrigando a seguir a criação
das tantas infantilóides projeções.
Não reparamos que tudo é assim
por se ter um medo mutante da solidão,
de escolher-se arrogantemente e sem perceber
por quem se sentir sozinho.
Somos eternos mentirosos solitários
raramente preenchidos por completo.