I
As noites que ficam,
que sobram,
pra remoer
na falta de sono..
de não se saber bem o quê
sentir, lembrar, esquecer,
mastigar, digerir, comer,
martelar, correr
a memória no que
só o sentimento sente,
a memória nem concebe,
em forma ou cor,
em gosto, se for
bom sentir,
você, ou dor...
Dói que fica você!
Que bom que não fica você!
Fica um pouco..
Ou nada...
Ou tanto
assim, que sobra
a noite medonha.
A solidão medonha.
A vontade medonha
Sabe-se lá de que.
II
Medonha noite.
Medonha e que fosse
embora a noite
de vez pra sempre,
que eu sou um dolorido incurável
e gosto do mimo
de ter você
no melhor da noite.
O pior nem sei:
Você nem olha!
Você nem rosto!
Expressão no escuro.
Sobra nem
voz,
olho,
cabelo,
trejeito
que penso que é meu,
só meu!
Todo!
Você é um piolho!
Você é um gigante
muito mal!