Por que se preenche
quando estou com você
esse buraco?
Parecido que fica no peito.
Em algum canto mais ele fica.
Será criação?
Uma desculpa
de solidão
que vem sempre,
que é da gente?
Será que é tudo tudo
saudade de tu,
só de tu?
Como dói sentir assim...
Muito fico pasmado
por estar denovo aqui
nessa tal posição
de quem não se sabe
com dominio de si mesmo.
Tanto que atento nos meus passos!
Tanto que vejo no espelho!
Tanto me concentro no que faço,
pra não repetir todos meus erros!
E denovo estou aqui
em posição do Eu mais fraco.
Muito fraco. Muito fraco.
Meu deus como fico fraco....
Por que sinto azeda,
uma dor apertando ao peito
e a garganta um tanto presa,
o olhar embaçando um tanto?
Flutuo mais do que ando.
Divago mais do que penso.
E esse buraco, o que é esse buraco?
Meu Deus, será que a amo?
Será que a amo
ou será que és
meu lugar comum de segurança
pra pousarem inteiras minhas dores?
Dores que nem são do amor
nem são de divulgar pra qualquer um.
Dores de quem se esconde no cobertor.
Dores de criança
com o peito apertado de medo do mundo.
Um lugar comum de segurança
onde se desaguam, injustamente,
todas coisas que nem deviam
e que me fazem egoista autêntico.
Esse buraco seria amor,
seria saudade,
seria qualquer outra dor?
Uma confluência dos meus desejos,
dos meus medos
desaguando em uma pessoa só.
Que nem merece...